24 março 2008

AUSÊNCIA...

Longe vai o tempo em que eu publicava regularmente qualquer coisita aqui no blog.
A minha ausência deve-se apenas à falta de vontade escrever... não sou escritor, nunca tive grande vontade de escrever... penso sobre muita coisa mas depois o tempo passa e eu acabo por não teclar os meus pensamentos e colocar aqui para os leitores opinarem. De qualquer forma nada mudou nas minhas ideologias... muita coisa ainda haveria a refletir e farei esforço para que o blog não termine por aqui.

Entretanto, sempre posso deixar umas noticias que se destacam neste momento.

Pobreza afecta saúde - Destak

Uma criança morre em cada 15s por falta de água potável

09 julho 2007

LEI

Quem poderá dizer que nunca infringiu a lei? E, se assim for, é bem estreita inocência ser bom perante a lei! Quão mais vasta é a regra do dever do que a regra do direito! Quantas obrigações impõem a piedade, a humanidade, a bondade, a justiça e a lealdade, que não estão escritas em nenhuma tábua de leis!

11 maio 2007

POBRES E RICOS

O mais chocante no nosso mundo é a enorme diferença entre o nível de vida de certos países e o de alguns outros. A explicação mais frequente é dizer que os países ricos, por meio do colonialismo, exploraram os países pobres e as reduziram a uma miséria forçada. Esta explicação é demasiado simplista porque alguns países foram colónias e hoje não são nada pobres, como os Estados Unidos por exemplo. E também é certo que a falta de recursos naturais não pode explicar tudo: há recursos que sobra no Brasil, Argentina, ou nos estados árabes. O atraso económico de numerosos países africanos e da América latina tem causas mais complexas a começar pelas estruturas politicas antidemocráticas que impedem o controlo das decisões governamentais e o funcionamento da sociedade civil. Junta-se a isto as carências educativas e o crescimento de doutrinas religiosas e politicas delirantes incompatíveis com os direitos e garantias que a modernidade exige. Em particular, tenho que referir a grave desigualdade na educação das mulheres, pois isto permite a sua emancipação e consequentemente, aliás um aspecto muito importante, a diminuição do numero de filhos. Assim chegamos ao que é para mim o ponto mais importante que é o crescimento demográfico incontrolado. Vivemos num mundo cada vez mais superpopulacionado e grande parte desta superpopulação concentra-se nos países menos desenvolvidos dificultando ainda mais as possibilidades de progresso. E para cumulo o papa e outros dirigentes religiosos pregam contra os meios contraceptivos em nome do absurdo direito de nascer dos não-nascidos condenando os já nascidos a não poderem viver.

Portanto actualmente, as causas do subdesenvolvimento devem ser procuradas dentro dos países e no presente e sem querer justificar através do passado. É urgente que os países mais ricos ajudem na medida do possível os mais atrasados, mas o auxílio económico deve ser acompanhado por exigências de reformas democráticas onde elas sejam necessárias e pelo controlo do respeito pelos direitos humanos. O que implica de algum modo uma intervenção nos assuntos internos dos países em causa, e não me venham com tretas pois em nome da ‘soberania nacional’ e de identidade própria prosperam sistemas ineficazes e autoritários que tiranizam os seus cidadãos e os condenam à miséria e ao atraso.

11 abril 2007

POBREZA

Verdadeiros homens lixo que vivem dentro de esgotos e se alimentam de detritos nos depósitos municipais, numa descida ás mais negras profundezas da inumanidade, ilustram o quotidiano de todas as cidades do planeta e fazem de cada novo êxito científico, económico, cultural ou pessoal, um detalhe patético num cenário de uma crise irremediável.

Tudo o que era limite de decência, de dignidade, já foi há muito ultrapassado nas grandes urbes e nesta incapacidade de solucionar a desumanidade vigente, todos nós, cada um à sua maneira, vamo-nos transformando em homens lixo. Para a sociedade contemporânea a exclusão é vista como uma catástrofe natural. Epidemia que atinge uns e poupa outros. Os excluídos constituem uma intromissão visual que serve a precariedade da existência e apresentam-se como símbolos de ruínas cuja única utilidade é servir de exemplo ás restantes vidas remediadas.

Sem pertença, politica e social, não há humanidade. Não há humanidade sem comunidade. A exclusão é a condição definitiva de um ser atirado para um lugar exterior à vida comum. O homem lixo já não se reconhece como humano e entende-se como obstáculo ao progresso de todos. Dai a surpreendente falta de raiva dos mendigos. Não lutam pela vida, mas pela sobrevivência. Não reivindicam a pertença mas apenas a permanência.

Nas chacinas e limpezas étnicas, os executores justificam os seus actos no não reconhecimento de qualquer laço comum com as vitimas. Para o exterminador, o inimigo é sempre um homem lixo. Alguém que está a mais e perturba a ordem natural das coisas. A exclusão é o primeiro passo para a execução e esta já é realizada de várias formas. Pelo crime, fome, frio, isolamento e acima de tudo pela deportação.

Para o sistema capitalista o excluído é acima de tudo uma aberração económica. Não produz, não integra o circuito reprodutor, não consome. Neste sentido vale menos, muito menos, que um animal doméstico pois mesmo estes vão ganhando a sua condição económica, expressa nas secções que os supermercados dedicam, na publicidade, nas exposições e na parafernália de inutilidades que lhes é consagrada.

Neste sentido os excluídos tornam-se um verdadeiro problema, que nada tem de humano, mas técnico e económico. As soluções propostas por todos os governos passam invariavelmente pela sua perseguição, afastamento para periferias das periferias, etc.…
O excluído é uma excreção visual do falhanço do sistema, uma espécie de nódoa na toalha de linho em noite de visitas. Deve ser removido a todo o custo.
Dai que se proceda à destruição de bairros sociais e barracas sem que esteja em jogo a condição social mas tão só a visibilidade.
A irresolução do nosso mundo deriva da incapacidade de entender os problemas, já que sendo estes da ordem do sistema, só permitem a sua ampla percepção a partir de um ponto exterior ao mesmo.

16 março 2007

IGNORÂNCIA É UMA BENÇÃO

Um Estado político, onde alguns indivíduos têm milhões de rendimento enquanto outros morrem de fome, poderá subsistir quando a religião deixa de lá estar com as suas esperanças noutro mundo, para explicar o sacrifício ?

01 março 2007

NAÇÃO E EXÉRCITO 2

Há quem diga que a não-violência, o pacifismo, o anti-militarismo, são posições ineficazes. Em primeiro lugar, seria necessário apontar que o critério de eficácia não é o único nem o mais alto para discernir o que deve ou não deve ser feito. Mas, além disso, a violência só é eficaz para perpetuar ou reproduzir a ordem que está baseada na coacção ou na violência e como todo o combate armado conclui na desigualdade de forças, a violência por muito revolucionária que pretenda ser, não faz mais do que perpetuar a desigualdade.

Aceitar ou recusar os meios violentos de luta contra ou a favor da ordem é uma questão de conformismo. Quanto mais conformista formos mais confiaremos na violência pois é ‘o que sempre houve’, ‘o que todos fazem’, ‘o que está na natureza humana’, etc.
Num mundo de violência e de terror, o único rebelde é quem se subleva contra a necessidade da violência e do terror.
A sociedade desmilitarizada não tem de ser, nem sequer como ideal, o lugar da harmonia sem dissonâncias, a unanimidade e o pleno acordo. Sempre existirão polémicas entre interesses opostos de todo o tipo. Se a educação de hoje tem uma tarefa, ela não será a de formar pequenos budistas mas a de preparar cidadãos capazes de se opor á inevitabilidade do militarismo fazendo face, ao mesmo tempo, á conflituosidade legal da sociedade desarmada. Sobretudo não deveremos usar essas perigosas abstracções colectivistas: povo, pátria, classe, nação… Quem critica estes fetiches é chamado individualista ainda que se limite a assinalar o inevitável convencionalismo daquilo que é apresentado como sagrado. Também é individualista quem questiona como pode um ‘bem’ ser ‘comum’ quando exige o sacrifício dos bens concretos e particulares; mas não será isto um individualismo ‘colectivo’ que não quer que ninguém decida por ele mas que se solidariza com os outros e seus interesses?

O pacifismo implica supor a inocência do outro e talvez seja por isso que muita gente se ri quando alguém diz acreditar no pacifismo. É claro que já sabemos que ninguém é tão inocente como parece e que, quem não pecou por acção, pecou por omissão. Se indagarmos bem na vida de cada um de nós, quem é que não tem no quarto das traseiras alguma discreta vilania que mereça um olho arrancado ou uma amputação de uma perna á base de dinamite? Além disso há quem pareça estar mesmo a pedi-las.

Então não é uma irresponsabilidade a da criança que, na maior, anda por aí aos pontapés em embalagens suspeitas, sem pensar que talvez alguma pessoa responsável tenha metido um quilo de nitroglicerina dentro de alguma delas, por elevadas razões que o seu delicado entendimento ainda não pode entender? E não será ainda maior irresponsabilidade a dos bancos, que não incluem entre as práticas habituais dos seus empregados cursos de evacuação rápida do edifico face a uma ameaça de bomba? Onde quero chegar? Parece que o uso de bombas e metralhadoras é bastante útil no entanto até á vitória definitiva e ao paraíso será ainda preciso colocar uns dez milhões de explosivos e metralhar alguns milhões de indesejáveis. Se os recentes erros continuarem a acontecer nunca mais acabamos.

Começando e acabando sobre o tema do patriotismo, para mim as bandeiras nem me aquecem nem me arrefecem, tanto umas como outras; já sei que por qualquer delas derramaram o seu sangue muitos jovens o que só contribui para se tornarem ainda um pouco mais antipáticas para mim. Não me parece que a realidade da concórdia civil deva ser comprometida por um símbolo tão ambíguo e emocionalmente manipulável como o da bandeira que é acima de tudo uma insígnia militar.

O objectivo deste texto é desarmar ideologicamente os patriotismos que ainda nos afligem com o fim de conseguir depois desactivar todo o resto do seu dispositivo bélico. A ideia de pátria é uma noção vergonhosamente teológica.

31 janeiro 2007

DIVERSIDADE

Em resposta ao comentário do abrasar ao primeiro post deste blog:

"Bom... bom... é a tua opinião é uma no meio de muitas. Na minha opinião acho que te contradizes. Hitler quis criar uma nação única... A globalização (um estado único) na minha opinião é o matar de diversidade que como se prova cientificamente tem sido fundamental na evolução e sobrevivência da vida.
Acho que somos todos iguais mas todos diferentes, todos temos os nossos espaços onde nos sentimos bem o mal mesmo são os povos por vezes das ditas sociedades evoluídas não respeitarem o espaço de cada um, no fundo a nossa pátria, onde sobrevivemos onde temos a nossa família e amigos, onde podemos ter uma parcela de terra para enterrar os nosso mortos e poder meditar sobre a experiência de vida que nos transmitiram, digo eu."

Aqui vai:

Não sei se leste todo o blog mas se o fizeres percebes que o que eu defendo não é a globalização extrema.... muito pelo contrário pois eu sempre defendo o direito à diferença e a diversidade. E mesmo no post onde tu comentaste pode-se ler no final:
"Visto a nacionalidade ser um acidente irracional a lealdade de um homem para com o seu país deve ser condicional, deve estar subordinada á lealdade racional a coisas como a humanidade e a justiça."

Portanto a minha visão é que as pessoas são diferentes em todo o lado... na tua freguesia há muitas pessoas diferentes... portanto acho que a diferenciação social não tem que ser imposta por fronteiras, que no meu entender, nos dias de hoje impedem o desenvolvimento das civilizações mais pobres do mundo. Portanto eu defendo no meu blog a ideia não de um estado único, mas de muitos estados tal como existem hoje, mas defendo acima de tudo uma politica em termos de direitos sociais global ! A cultura não tem que ser globalizada nem standardizada! Nenhum estado pode ser soberano. O estado deve ser encarado como uma entidade de gestão financeira sem que se permita que qualquer estado possa reflectir, através de uma bandeira de significado dubio, uma ideologia do povo que aí reside. A diversidade tem que ser válida em cada ponto do globo... não faz sentido defender uma diversidade e depois assumir-se como patriota e defensor dos costumes dos seus conterranios como se os costumes dos restantes estrangeiros fossem menos valiosos do que os nossos: e isto é que eu sou claramente contra...o patriotismo é uma posição que de certa forma descrimina as culturas estrangeiras como sendo subculturas de menor valor comparativamente com a cultura da terrinha onde nasces. A diversidade implica aceitar os costumes dos outros em pleno pé de igualdade com os teus costumes.

O estado não tem que reflectir os hábitos culturais do seu povo... a cultura deve ser diversificada mas de modo homogéneo...a ver se me entendes.... eu protesto contra a ideia de tratar um país como sendo uma zona geografica muito bem deliniada onde o povo que aí habita se comporta de modo x e, ao passar a fronteira, o povo vizinho se comporta de modo y...isto dá sempre lugar a conflitos. A diversidade tem que coexistir no mesmo local.... não temos que definir zonas geograficas onde vigoram determinados costumes e quem viver nessa zona tem que seguir esses costumes para ser socialmente aceite... e depois, como acho que tu te enganas também, diz-se erradamente que a diversidade é a existência de várias zonas....a diversidade para mim é aceitar que na mesma zona coexistam todas as culturas. A cultura é algo que não é materializavel portanto não tem que estar definida num mapa.
A origem de toda a confusão está no facto de que na nossa sociedade actual ainda existe muita ignorância, descriminação de várias ordens e xenofobia em geral: as pessoas não são capazes de aceitei quem aparenta ser diferente e ter hábitos diferentes... por isso muita gente acaba por defender o que tu defendes... zonas territoriais onde os iguais convivem com os seus iguais e quem é diferente que se mude para um país de acordo com os seus costumes! Isto não é tolerância! Não é à sociedade que cabe definir os costumes... os costumes constroem-se naturalmente do convivio entre pessoas diferentes. Comenta à vontade :)

25 janeiro 2007

NAÇÃO E EXÉRCITO

Criei este blog com o intuito de discutir a irracionalidade dos comportamentos patrióticos mas entretanto não tenho escrito muito sobre o assunto, portanto aqui vai mais uma alucinação filosófica:

A nação é um revestimento mitológico. Pode haver nacionalistas solidários com os problemas dos outros povos mas o mito da nação é agressivo na sua própria essência. Se não houvesse inimigos não haveria pátrias; resta ver se haveria inimigos no caso de não haver pátrias.
Onde quero chegar com isto? O exército é de certa forma a encarnação da ideia de nação. Desde sempre que se considera que a organização de uma nação deve ter uma organização militar. Nação, pátria, povo: exército.
Nenhum governo confessa, nos dias de hoje, que mantém um exército para satisfazer as suas ânsias de conquista. O exército diz-se que é para defesa. Para justificar-se este estado de coisas invoca-se uma moral que aprova a legitima defesa. Assim, cada qual reserva para si a moralidade, atribuindo a imoralidade ao vizinho, pois é preciso imaginá-lo preparado para o ataque e para a conquista, se o estado de que se faz parte se vir perante a necessidade de pensar em meios de defesa. Além disso acusa-se o outro que, tal como o nosso estado, nega a intenção de atacar e afirma não ter o seu exército excepto por razões de defesa; é acusado, dizíamos nós, de ser um hipócrita e um criminoso astuto que gostaria de se atirar para cima de uma vítima inocente e inofensiva. É nestas condições que estão hoje todos os estados nas suas mútuas relações; afirmam as más intenções dos vizinhos e as deles próprios são unicamente boas e santas. Mas isto é uma inumanidade tão nefasta como a guerra, é uma provocação e um motivo para a guerra. É preciso renunciar á doutrina do exército como arma de defesa. E há-de chegar o dia talvez, em que um povo glorioso graças ao maior desenvolvimento da disciplina e da inteligência destruirá a sua organização militar. Tornar-se inofensivo é o grande meio para se chegar á verdadeira paz, que deve estar baseada numa disposição pacifica do espírito, ao passo que isto que se chama de paz armada responde a um sentimento de discórdia, á falta de confiança em si mesmo e no vizinho. É preciso que toda a sociedade estabelecida se guie por este lema: antes morrer do que odiar e temer, e antes morrer duas vezes do que fazer-se temer e odiar!

E do exército para o terrorismo é só um passo. Se há coisa que prospera neste mundo é a mentalidade terrorista. Podemos considerar mentalidade mais terrorista do que aquela que considera normal viver num equilíbrio de terror? Aqueles que consideram justificadas por razões ofensivas ou defensivas as armas nucleares, aqueles que não ficam escandalizados pelo facto de a maior parte da riqueza dos países ser investida nessas armas em vez de alimentos ou escolas, aqueles que justificam como um simples e razoável negocio a venda de aviões ou foguetes ao irão ou Iraque…, numa palavra, quem julga que a defesa das liberdades democráticas legitima a militarização do mundo e mesmo a sua destruição total, o que é que tem a dizer contra o terrorismo?
Quem é terrorista são ‘eles’, enquanto nós somos patriotas, gente de provada coragem disposta a dar ao mundo, quer queira quer não, aquilo de que precisa. E ‘eles’, opinam da mesma forma, porque são da mesma escola que nós. Assim todos de acordo e dois a zero para a mentalidade terrorista.
Voltando ao exército, enquanto houver um só exército imprescindível todos os outros o serão também, enquanto a morte e a coacção se tornarem inevitáveis num caso, será difícil evitar que o não sejam em todos os outros.

 

15 janeiro 2007

HONORIS CAUSA

A atribuição ao presidente português do primeiro doutoramento “honoris causa” pela Universidade de Goa provocou uma manifestação, de dimensão reduzida, mas que marca a visita oficial de Cavaco Silva à Índia.  Este incidente é mais um triste espectáculo de patriotismo palerma pois os manifestantes protestavam contra a atribuição do doutoramento a um cidadão estrangeiro. É contra este tipo de comportamentos racistas, pois o patriotismo é uma forma de racismo, que eu me oponho pois este tipo de ideologias de extrema-direita só prejudicam o bem estar da humanidade.

28 dezembro 2006

A PESCA LÚDICA

Será que sofro de anti autoritarismo? Se me incomoda que as autoridades me proíbam coisas, não é porque me desagradem as proibições, mas sim porque, pelo contrário, me encantam: se mas impõem do exterior retiram-me o prazer de ser eu a impô-las a mim próprio. Passo a vida a proibir-me coisas: alguns programas de televisão, diversões, companhias, vícios, virtudes, tudo. E creio que é nessa capacidade de me controlar que consiste algo que se pode chamar maturidade ou bom senso e que me parece ter o mais elevado valor.

Este discurso todo é para mais uma vez eu me lamentar da obsessiva tendência da nossa sociedade dita moderna em controlar e regulamentar todas as actividades do nosso quotidiano. Ontem vi uma noticia em que o governo na sua máxima sapiência lembrou-se de criar novas leis sobre a pesca lúdica e então a partir de agora os pescadores vão precisar de licença, cada pescador precisa de estar a uma distância mínima de 10m de outro pescador, alem de outras distâncias de ‘segurança’ em relação a outros pontos de referência, como portos, baías e penicos mágicos. Ora mas porque raio tem que haver legislação sobre a pesca lúdica? Isto é uma actividade que em nenhuma circunstância prejudica ou põe em perigo alguém, e como cada um é livre de fazer o que bem lhe apetece desde que não prejudique, não faz sentido ter que pedir licença para praticar uma acção tão banal como ir á pesca. Vivemos numa sociedade obsessiva e isso é triste… no meu entender as leis de uma sociedade devem resumir-se ao mínimo dos mínimos… deveria haver código penal e pouco mais pois ninguém deve ser punido ou multado apenas porque infringiu uma regra que está escrita no artigo x do capitulo y do versículo z do diário da republica do dia’tal’ do mês ‘coiso’ e ano ‘pois é’.


22 novembro 2006

16 novembro 2006

África do Sul legaliza casamento entre homossexuais

A África do Sul é o primeiro país africano a legalizar o casamento homossexual, depois da aprovação de uma polémica lei que autoriza a união de duas pessoas do mesmo sexo.

Parece que em África já se começa a evoluir mais do que em Portugal... os políticos não querem tomar decisões polémicas que podem ser contestadas pela maioria da população, mas a verdade é que a lei deveria refletir aquilo que é mais correcto fazer-se em vez de simplesmente limitar-se a legalizar a estupidez da maioria. O mesmo se aplica á questão do aborto... sou contra o referendo pois a opinião pública não deve contar em matéria de direitos fundamentais e nesta matéria concordo com a posição do PCP.

Dia Internacional para a Tolerância

O Dia Internacional para a Tolerância é uma chamada universal a uma das maiores virtudes da humanidade. A tolerância implica um empenhamento activo e a compreensão da riqueza e da diversidade da humanidade. Nas sociedades actuais, cada vez mais multiétnicas e multiculturais, constitui um dos princípios fundamentais da democracia e o fundamento da coexistência pacífica entre os povos.

A propósito desta mensagem da UNESCO aproveito para falar um pouco sobre o individualismo e o racismo, assunto que se encaixa como uma luva no objectivo do blog:

O individualismo não é anti-social mas é pelo contrário uma forma de compreender e colaborar com a sociedade. Algumas das práticas sociais mais desumanas, como a escravatura e a tortura, foram postas em causa e abolidas graças aos individualistas. Como indivíduos temos duas maneiras de fazer parte dos grupos sociais: podemos pertencer aos grupos e podemos participar neles. A pertença ao grupo caracteriza-se por uma entrega incondicional á colectividade, identificando-se o individuo com os valores do colectivo sem os interrogar. Quase todos nós pertencemos ás nossas famílias e sentimo-nos obrigatoriamente parte delas, sem demasiados juízos críticos. A participação, em contrapartida, é qualquer coisa de muito deliberado e voluntário: o indivíduo participa num grupo porque quer e enquanto quer, não se sente obrigado a lealdade para com ele e conserva suficiente distancia critica.

Há certos fanatismos de pertença especialmente odiosos, porque instauram hierarquias entre os seres humanos ou pretendem fazer com que os homens vivam em compartimentos estanques, separados uns dos outros por vedações de arame farpado, como se não pertencêssemos todos á mesma espécie. O racismo é sem duvida a pior de tais abominações colectivas. Estabelece que a cor de pele, a forma do nariz ou qualquer outro traço arbitrário determinam que a pessoas deve ter estes ou aqueles traços de carácter, morais ou intelectuais. Do ponto de vista científico, todas as doutrinas raciais são meras fantasias arbitrárias. Durante centenas de milhares de anos a espécie humana não conheceu qualquer variedade racial significativa e talvez daqui ainda exista alguma repulsa. O que o racismo tem de mais sinistro é não permitir qualquer reconciliação com o outro, com o diferente pois o individuo pode melhorar a sua educação, alterar os seus costumes, as suas ideias e a suas religião, mas ninguém pode modificar o seu património genético. Por isso as disputas ideológicas ou religiosas podem acabar por ser solucionadas ao passo que não há reconciliação possível para a estupidez do ódio racial. Haverá algum tipo de homem inferior aos outros? Racialmente não; mas em termos éticos é inferior aos outros o que acredita na existência racial de seres humanos inferiores.
Mas na maioria dos casos as pessoas não são racistas, são xenófobas: detestam os estrangeiros, os diferentes, os que falam outra língua ou se comportam de maneira diferente. Detestam-nos porque se sentem incomodados diante deles: os fanáticos querem que todos á sua volta pensem e vivam como eles a fim de se sentirem protectoramente confirmados.

07 novembro 2006

SADDAM HUSSEIN – A MORAL DE UM PSICOPATA

Saddam Hussein, envolto em grande polémica, foi condenado à morte. Será que sou a única pessoa, dita civilizada (suponho ;)), que concorda com a decisão?

Eu sou a favor da pena de morte e acho que o único motivo para se ser contra a aplicação da pena de morte é o facto de poder haver erros judiciais, pois teoricamente e do ponto de vista moral, não tenho qualquer objecção (e para juntar a isto, considero-me humanista portanto quem se sentir tremendamente ofendido pode comentar). Vou tentar organizar as minhas ideias, o que vai ser difícil:

- A LEI
Um julgamento serve para punir uma pessoa pelo verdadeiro prejuízo que ela causa à sociedade. Na sociedade actual não se faz isto: as pessoas são punidas pelo "aparato" do prejuízo causado, pesando mais a opinião publica do que a lógica racional.
Para ter um sistema judicial justo é claro que é necessário que as leis sejam racionais e de carácter minimamente universal, o que está longe de ser verdade pois as leis adaptam-se á opinião pública para criar popularidade politica.

-DIREITOS HUMANOS
Por que raio somos obrigados a aplicar os direitos humanos a todos? (não estou a citar Hitler!) Na natureza não existem direitos; os direitos são uma invenção dos homens portanto somos nós que definimos a quem se aplicam os direitos. Esta questão dava conversa para dois dias, se fizermos uma directa. Por exemplo, tanto se fala em direitos dos animais mas desde quando é que os animais podem ter direitos? Não existe direitos dos animais… no máximo existem ‘direitos para os animais’ pois quem dá os direitos somos nós, e não somos obrigados a isso: é apenas uma questão de bom senso.
E, no meu entender, só tem direitos quem cumpre deveres. E será que todos os seres humanos cumprem os seus deveres? Claro que não! Será que todos os homens têm consciência moral e ética? Não! Então por que raio estes panascos hão-de ter direitos como os outros? Claro que os psicopatas são uma minoria absoluta e têm todo o direito a existirem… enquanto não os apanharmos ;).
Devemos ser morais, para quem compreende o que é a moral; devemos respeitar o direito à vida mas só de quem respeita o direito à vida dos outros. Quem não respeita o direito á vida dos outros, automaticamente está a abdicar do seu direito à vida.
Matar é imoral? Não sejam tentados a dar uma resposta simples! Se vocês tivessem um filho e alguém o matasse, seria imoral vocês matarem essa pessoa? Podemos argumentar que é imoral o estado matar alguém, mas é imoral que as pessoas directamente lesionadas por crimes contra a humanidade matem os responsáveis de tais crimes? Portanto, de forma a evitar que se aplique a justiça popular, o estado deve substituir o papel do cidadão comum na manutenção da justiça.

-A MORAL DA MAIORIA
Existe a tentação de classificar a gravidade dos crimes em função da frequência com que ocorrem… por exemplo um serial killer é pior pessoa do que um marido ciumento que mata a mulher á paulada… mas será bem assim? Só porque existem mais maridos ciumentos que psicopatas assassinos, isso não quer dizer que exista a mais ínfima razoabilidade no crime conjugal em relação ao crime de contornos aparentemente mais selvagens do gajo que é claramente tarado dos cornos.
Tipicamente, um homem que mata a sua mulher por ciúmes leva uma pena inferior a um assassino psicopata que mata por prazer mesmo que o seu objectivo não fosse o querer prejudicar: neste caso, o prejuízo seria uma consequência do acto que ele cometeu. Por outro lado o homem que mata a mulher não tira beneficio nenhum do crime, apenas o faz como forma de vingança. Qual destes tipos é menos mauzinho? É aquele que se arrepende? Porque razão o arrependimento é uma atenuante (nos crimes mais graves não faz sentido!)? A merda já está feita, portanto o melhor é que o criminoso fique satisfeito com o que fez, pois se o gajo se vai arrepender, o crime torna-se duplamente prejudicial.

-PRISÃO PERPETUA
As pessoas mais complacentes defendem a prisão perpétua. Eu sou contra pois esta não faz sentido porque uma pessoa vai presa como forma de ser punida E como forma de reaprender a viver na sociedade: é uma fase de adaptação. Quem vai preso, vai com o objectivo de ser reinserido mais tarde na sociedade em liberdade. Se uma sociedade não faz intenções de aceitar um determinado indivíduo em liberdade (ficando ele a apodrecer na cadeia) é absurdo ele estar preso pois isto é uma forma cobarde de lhe tirar a ‘vida’.

-CONCLUSÃO
Para mim a liberdade é mais importante do que a vida; a vida sem liberdade não faz nenhum sentido, portanto defendo (…a moralidade da) a pena de morte em todos os casos em que pareceria sensato aplicar a prisão perpétua pois se hoje não somos livres, resta-nos esperar ser livres amanha, caso contrário a morte é mais justa.
Dito isto, volto ao que disse inicialmente: na prática compreendo que o mais sensato é não haver pena de morte mas deixo claro que nestas condições nunca devemos admitir que exista prisão perpétua. Qualquer pessoa que cometa qualquer tipo de crime, deve levar uma pena que lhe permita (com base na esperança média de vida) voltar a sair em liberdade um dia. Portanto quem não quer o Saddam morto só pode desejar que ele volte a sair em liberdade dentro de poucos anos.

06 novembro 2006

Quioto

No âmbito do Protocolo de Quioto, 35 países industrializados comprometeram-se a limitar as suas emissões de gases de estufa, que fazem diminuir a camada de ozono na atmosfera e contribuem para o aumento da temperatura do planeta.

No entanto, segundo um relatório das Nações Unidas, a emissão de gases com efeito de estufa aumentou na passagem do século, apesar das boas intenções manifestadas no Protocolo de Quioto.

Os Estados Unidos da América, como grande potência industrial, são o país que mais gases com efeito de estufa produz, mas não subscreveram o Protocolo de Quioto.

O mesmo acontece com a China, uma grande potência emergente que atinge taxas de crescimento industrial cada vez mais significativas, mas onde a protecção ambiental é muito descurada.

Tribunal condena à morte antigo Presidente iraquiano

É um veredicto de risco num país dividido, decidido por um tribunal contestado e após um julgamento confuso e quase sempre atribulado. O primeiro-ministro iraquiano aplaudiu uma sentença que dá ao antigo ditador "o castigo que ele merece". O maior partido sunita defendeu que "o Governo devia ter posto fim aos esquadrões da morte e acelerado a reconciliação nacional" antes de o julgar.

Penso que a não concretização da pena de morte seria uma manifestação de superioridade do novo regime do Iraque, que está construindo a sua democracia, em relação ao ditador Saddam Hussein.

25 outubro 2006

PERIGOS DA DEMOCRACIA

Hoje em dia, não é cuba nem o peru, ditaduras pobres e patentemente ineficazes que constituem um desafio à consciência democrática.
O perigo está nas autocracias do extremo oriente, ultraprodutivas e disciplinadas. Antigamente aceitavam-se as ditaduras de forma quase imediata por pura obediência ao estado; hoje legitima-se a ditadura dos capatazes como caminho para o pleno desenvolvimento. O protesto contra elas é considerado fundamentalismo democrático, pois o importante é que o gato, preto ou branco, cace milhões.

Por isso eu defendo que nenhum estado deve poder reclamar total soberania para fazer o que bem entender... é preciso que se respeitem direitos fundamentais como os direitos humanos e outros que tais. E, desta forma respondendo ao comentário de sua excelência;) ahp, eu não quero espalhar uma utopia nem quis afirmar que deve haver apenas um governo global. A par da questão do patriotismo, que foi o objectivo principal da criação deste espaço e que agora acho melhor alargar os temas deste blog a qualquer assunto político, a minha ideia é defender que os países devem ser encarados como entidades de gestão financeira, naturalmente com as suas politicas próprias, mas o que deve ser global são as politicas sociais por forma a haver maior igualdade de oportunidades para toda a população mundial. Não devemos encarar o estado como a representação, do ponto de vista cultural e de valores, do povo que aí habita. Defendo, como já sabes, a livre circulação de pessoas por todo o território sem as fronteiras tal como conhecemos hoje. O que eu consideraria perfeito é que os países fossem tratados de forma análoga ás câmaras municipais: com alguma autonomia financeira mas essencialmente apenas com liberdade para tomar decisões no campo económico e principalmente sem qualquer tipo de ideologia associada como acontece nos países árabes.

19 outubro 2006

COMENTÁRIOS

Contra a sua soberana vontade, agradeço o comentário do colega e, quiçá amigo, ouipas. Em relação à sugestão, eu penso que se os pássaros voassem a olhar para trás ficariam rapidamente com dores no pescoço por isso voar de costas parece mais adequado, embora mesmo assim não seja muito prático.
Quanto ao comentário anónimo, sem duvida que concordo que é um comentário claramente ridiculo.
Ao antifa agradeço o apoio.

E dito isto, falta apenas pedir a colaboração de todos os interessados na manutenção deste promissor espaço. Eu não sou um internauta muito assíduo, por vezes algumas noticias passam e eu simplesmente não comento, por isso procuro colaboradores para divulgar qualquer noticia (este blog não é apenas para filosofia) relacionada com questões patrioticas (imigração, etc...). E por falar em noticias, lembrei-me agora daquelas noticia que falava da intenção dos estados unidos contruirem um muro na fronteira com o méxico... é este tipo de noticias absurdas e sem qualquer bom senso que gostava de publicar aqui neste espaço.

(quem quiser colaborar, pode deixar comentário com o email para eu convidar ou então contactar-me directamente para o email que está disponivel na minha profile do blogger)

17 outubro 2006

MANIFESTO

Eu tenho todos os patriotismos, mas não um só, nem um que possa chamar meu. Detesto os patriotas de ofício e beneficio, os neuróticos unilaterais, os que glorificam o vinho da terrinha ou o nome célebre de um dos seus concidadãos como se se tratasse de uma medalha ganha pela própria virtude.

Só quem nada vale sozinho pode acreditar que existe mérito no facto de se ter nascido em um determinado lugar ou sob uma determinada bandeira. Desde sempre achei os nacionalismos uma grave desgraça colectiva inimiga principal da paz entre os países e da emancipação dos indivíduos. Considero-me um mundialista: abolir os estados nacionais e formar uma universal assembleia dos povos.

Os patriotas carecem de identidade própria porque não partilham sem reservas aquela que a sua pertença ao clã originário decreta para eles; e essas identidades étnicas, sexuais ou nacionais vão-se tornando cada vez mais blindadas. Toda a gente reclama o seu lugar dentro de algum estábulo e quer sentir o hálito quente do seu congénere no pescoço. Vamo-nos desagregando em bandos, como se fossemos pássaros que voam de costas por não estarem preocupados acerca do lugar para onde vão mas acerca do lugar de onde vêm.

O país de um homem é uma coisa que nasceu ontem e é algo que não pode perdurar eternamente. É o produto de acidentes geográficos e históricos. Visto a nacionalidade ser um acidente irracional a lealdade de um homem para com o seu país deve ser condicional, deve estar subordinada á lealdade racional a coisas como a humanidade e a justiça.