16 novembro 2006

Dia Internacional para a Tolerância

O Dia Internacional para a Tolerância é uma chamada universal a uma das maiores virtudes da humanidade. A tolerância implica um empenhamento activo e a compreensão da riqueza e da diversidade da humanidade. Nas sociedades actuais, cada vez mais multiétnicas e multiculturais, constitui um dos princípios fundamentais da democracia e o fundamento da coexistência pacífica entre os povos.

A propósito desta mensagem da UNESCO aproveito para falar um pouco sobre o individualismo e o racismo, assunto que se encaixa como uma luva no objectivo do blog:

O individualismo não é anti-social mas é pelo contrário uma forma de compreender e colaborar com a sociedade. Algumas das práticas sociais mais desumanas, como a escravatura e a tortura, foram postas em causa e abolidas graças aos individualistas. Como indivíduos temos duas maneiras de fazer parte dos grupos sociais: podemos pertencer aos grupos e podemos participar neles. A pertença ao grupo caracteriza-se por uma entrega incondicional á colectividade, identificando-se o individuo com os valores do colectivo sem os interrogar. Quase todos nós pertencemos ás nossas famílias e sentimo-nos obrigatoriamente parte delas, sem demasiados juízos críticos. A participação, em contrapartida, é qualquer coisa de muito deliberado e voluntário: o indivíduo participa num grupo porque quer e enquanto quer, não se sente obrigado a lealdade para com ele e conserva suficiente distancia critica.

Há certos fanatismos de pertença especialmente odiosos, porque instauram hierarquias entre os seres humanos ou pretendem fazer com que os homens vivam em compartimentos estanques, separados uns dos outros por vedações de arame farpado, como se não pertencêssemos todos á mesma espécie. O racismo é sem duvida a pior de tais abominações colectivas. Estabelece que a cor de pele, a forma do nariz ou qualquer outro traço arbitrário determinam que a pessoas deve ter estes ou aqueles traços de carácter, morais ou intelectuais. Do ponto de vista científico, todas as doutrinas raciais são meras fantasias arbitrárias. Durante centenas de milhares de anos a espécie humana não conheceu qualquer variedade racial significativa e talvez daqui ainda exista alguma repulsa. O que o racismo tem de mais sinistro é não permitir qualquer reconciliação com o outro, com o diferente pois o individuo pode melhorar a sua educação, alterar os seus costumes, as suas ideias e a suas religião, mas ninguém pode modificar o seu património genético. Por isso as disputas ideológicas ou religiosas podem acabar por ser solucionadas ao passo que não há reconciliação possível para a estupidez do ódio racial. Haverá algum tipo de homem inferior aos outros? Racialmente não; mas em termos éticos é inferior aos outros o que acredita na existência racial de seres humanos inferiores.
Mas na maioria dos casos as pessoas não são racistas, são xenófobas: detestam os estrangeiros, os diferentes, os que falam outra língua ou se comportam de maneira diferente. Detestam-nos porque se sentem incomodados diante deles: os fanáticos querem que todos á sua volta pensem e vivam como eles a fim de se sentirem protectoramente confirmados.

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