17 outubro 2006

MANIFESTO

Eu tenho todos os patriotismos, mas não um só, nem um que possa chamar meu. Detesto os patriotas de ofício e beneficio, os neuróticos unilaterais, os que glorificam o vinho da terrinha ou o nome célebre de um dos seus concidadãos como se se tratasse de uma medalha ganha pela própria virtude.

Só quem nada vale sozinho pode acreditar que existe mérito no facto de se ter nascido em um determinado lugar ou sob uma determinada bandeira. Desde sempre achei os nacionalismos uma grave desgraça colectiva inimiga principal da paz entre os países e da emancipação dos indivíduos. Considero-me um mundialista: abolir os estados nacionais e formar uma universal assembleia dos povos.

Os patriotas carecem de identidade própria porque não partilham sem reservas aquela que a sua pertença ao clã originário decreta para eles; e essas identidades étnicas, sexuais ou nacionais vão-se tornando cada vez mais blindadas. Toda a gente reclama o seu lugar dentro de algum estábulo e quer sentir o hálito quente do seu congénere no pescoço. Vamo-nos desagregando em bandos, como se fossemos pássaros que voam de costas por não estarem preocupados acerca do lugar para onde vão mas acerca do lugar de onde vêm.

O país de um homem é uma coisa que nasceu ontem e é algo que não pode perdurar eternamente. É o produto de acidentes geográficos e históricos. Visto a nacionalidade ser um acidente irracional a lealdade de um homem para com o seu país deve ser condicional, deve estar subordinada á lealdade racional a coisas como a humanidade e a justiça.



 

6 comentários:

nazikiller disse...

Gostei do blog, tens o nosso apoio!

Anónimo disse...

isto é simplesmente ridiculo

ouipas disse...

Antes de mais queria congratular o engenheiro por mais uma aposta em blogs de teor reflectivo em detrimento de blogs de piadinha fácil e interesse duvidoso.

Tendo dito isto, não concordo com o que escreve. Vejamos: "como se fossemos pássaros que voam de costas por não estarem preocupados acerca do lugar para onde vão mas acerca do lugar de onde vêm."

Um pássaro que voa de costas ?!

Quando muito, seria um pássaro que voa a olhar para trás.
Agora um pássaro que voasse de costas, não voava durante muito tempo.

Vá... , não é preciso agradecer a dica.

Anónimo disse...

Caro Bertinho, aproveito para te congratular por esta tua iniciativa de sondar a opinião das pessoas qto às pátrias.
A minha opinião está em parte de acordo contigo qdo dizes: "Considero-me um mundialista: abolir os estados nacionais e formar uma universal assembleia dos povos."
Estou de acordo ctg em globalizar mais o poder.
Na minha opinião se existisse um poder unido por cada continente já seria um grande passo.

Agora sem dúvida que um governo "global" acabaria com muitas desígualdades, no entanto a mim pareçe-me que isto seria impossível de realizar!! Não estaremos a falar de uma grande Utopia??

João Vasco disse...

Ideias muito interessantes, estas :)

Anónimo disse...

Bom... bom... é a tua opinião é uma no meio de muitas. Na minha opinião acho que te contradizes. Hitler quis criar uma nação única... A globalização (um estado único) na minha opinião é o matar de diversidade que como se prova cientificamente tem sido fundamental na evolução e sobrevivência da vida.
Acho que somos todos iguais mas todos diferentes, todos temos os nossos espaços onde nos sentimos bem o mal mesmo são os povos por vezes das ditas sociedades evoluídas não respeitarem o espaço de cada um, no fundo a nossa pátria, onde sobrevivemos onde temos a nossa família e amigos, onde podemos ter uma parcela de terra para enterrar os nosso mortos e poder meditar sobre a experiência de vida que nos transmitiram, digo eu.

Um abraço Bertinho.